No Mundo Rosa
Continua a ser uma beleza, caminhar entre as olaias - as árvores rosa - mesmo quando estão tristes!
As árvores rosa, vêm-se longe, ao longo das estradas, a acenar-nos, entre os vários tons de verde. Sempre que posso, dar uma olhada mais de perto, lá vou eu, tocar o seu tronco e as suas flores rosadas.
Uma imagem do micro-mundo das olaias rosadas
Há quem diga, que foi numa árvore destas, que Judas, o tal dos trinta dinheiros, se enforcou. Se calhar, enforcou-se mesmo e, fosse onde fosse, figueira, olaia, ou outra, pouco me interessa!
As duas árvores me interessam muito, mas aqui, hoje, vou mais uma vez, falar das olaias rosadas.
Nesse mundo de duendes, esses pequeninos amigos, lançam-me pétalas ou flores inteiras, sobre a cabeça, para animarem o Ventor. É nesse belo nicho que a minha amiga Primavera se esconde do Ventor, como fez hoje, só para não o ver triste.
As olaias, começam a vestir-se de tom rosado, nos últimos dias de inverno e, começam a aperaltar-se para receberem, em festa, a Primavera. Hoje, ao passar no IC XIX, entre Massamá e a Amadora, lá estavam elas! Nos meus ouvidos, entrou um som, um pouco abafado e nesse conjunto, um som feminino se destacava. Do meio das olaias, a Primavera e os duendes chamavam-me. Mudei o rumo e encostei a viatura. Entrei o portão desse Templo Natural e, perguntei à "Flor", companheira das minhas caminhadas se tinha forças para entrar comigo e apreciar, durante meia dúzia de minutos, aquele ambiente rosa, um pequeno nicho do nosso mundo. Disse-me que não tinha forças para dar essas passadas comigo, que ficava no carro. Entrei dentro, apontei a minha máquina, também doente e triste e pedi-lhe para observar, comigo, mais uma vez, o nosso mundo rosa.
As pétalas que os duendes lançam sobre o Ventor. É entre estas pétalas rosadas que os duendes e a Primavera, dançam para o Ventor. Mas hoje, deu-se início a mais uma caminhada de tempos tristes
Foram apenas uns minutos sós. Eu, a máquina e as olaias! Nem gaios, nem pássaros, apenas um melro, um primo do meu amigo Tobias. No meio do silêncio, apenas o barulho do trânsito no IC XIX. Ao lado das olaias, os freixos, os sobreiros, muitos arbustos e, no chão verde, o amarelo das flores das azedas. Do céu de chumbo, desciam uns chuviscos e no silêncio dos duendes que se calaram à minha chegada, a Primavera suspirava, tão triste, como eu!
Arrancamos para casa, pensando nos dias tristes que se aproximam mas, antes, eu queria voltar ao mundo rosa, junto com o brilho e a alegria do meu amigo Apolo e ver a Primavera dançar. Será que vai poder ser?